terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Erkek Köpek

De vez em quando, depois de dobrar a esquina da padaria, encontro um canino que saiu de uma mistura de raças.
Ele está sempre lá, com a mesma cara de cachorro perdido de sempre. E mesmo com seus ferimentos e alguma sarna, é um cachorro que me chama a atenção, alguma coisa naqueles olhinhos me atrai. E a forma como ele me faz rir, me encanta.
Eu nunca o levo para casa. É medo de me apegar, ou até aversão, por enjoar.
Mas prefiro assim, de vez em quando ir até lá brincar e lhe fazer um carinho, depois de deixá-lo todo feliz, proibi-lo de entrar e sumir sem dar alguma explicação.
Mas de repente, me da um vazio, e eu sinto falta, da sua euforia, das suas lambidas e de sua respiração ofegante. E me dá uma vontade de ir correndo até ele, e trazê-lo para perto de mim, e dedicar alguma parte da minha vida á ele.
Mas eu paro, penso, coloco os pés no chão e algo me reprime.
E a verdade é que sempre fico com o coração apertado, e me dói só de pensar que alguém pode ir e fazer os mesmos agrados que eu, e um dia levá-lo para casa. Não quero, e até tremo só de pensar na possibilidade de um dia, vê-lo andando encoleirado por aí.
Mas não quero assumir responsabilidade alguma, e nem quero pensar no depois. No depois que ele partir, na falta que vai me fazer. E nenhum outro cachorro por mais parecido que for nunca vai substituí-lo. Porque são únicos. Amam-te incondicionalmente, te enfeitiçam separadamente, cada um com seu jeito, cada um com sua qualidade. Você sempre promete que não, mas acaba se apegando á todos, sente uma falta absurda quando já não são mais seus, e lembra-se de todos com algum brilho diferente no olhar. São insubstituíveis e inesquecíveis. Os cachorros.

crédito da foto: Elodie Almeida

Nenhum comentário:

Postar um comentário