quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente.





A loucura ou insânia é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade.   
Então cada um tem o seu ponto de vista no que se diz a respeito da loucura. O que é louco para você , pode ser perfeitamente normal para mim, isso é uma questão de opinião. Cada um tem seu ponto de partida, sua definição, seu exemplo. Então olhando por esse lado somos totalmente incapazes de generalizar e nomear alguém de louco. Ou tem um padrão correto para loucura? Ou é loucura achar que existe padrão para esse tipo de coisa?
E  até qual ponto se vai à loucura? E como ela chega à mente humana? Eu não sei, mas tenho vontade de descobrir o que passa na cabeça (ao meu ver) de um louco.
Seus olhos fundos e arroxeados por conta das profundas olheiras, será que ele não dorme á noite? E ele pensa? Mas que coisas lhe passam pela cabeça? Delírios, vontades, medos? Sua fisionomia é de uma pessoa assustada, mas com quem? Consigo mesmo?
      Passa a mão no cabelo preto desgrenhado, já bem sujo. Debate-se, e senta perto de mim. Está calor, mas ele está com uma longa blusa azul e calçando sandálias já surradas, será que é sua única roupa? Provavelmente não deve se importar com isso... Olha assustado ao redor como se as pessoas pudessem a qualquer momento furar sua bolha, ele é um estranho, e nós somos estranhos no mundo para ele, no mundo que é só dele.
         Levanta-se apressado, como se ouvisse um chamado e desce a ladeira correndo. Entra em um pequeno salão de cabeleireiro, louco corta cabelo? Ou aqueles espelhos refletiram em si próprio a loucura do não ser. Não sei, mas aquele homem me deixou tremendo assim como sua magra mão branca.
 As paredes do seu sanatório eram sua mente, ele estava solto, e perdido. Tinha seu eterno sufoco, seu eterno castigo dentro de si, aprisionado na sua própria loucura, escravo da sua plena insanidade.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Erkek Köpek

De vez em quando, depois de dobrar a esquina da padaria, encontro um canino que saiu de uma mistura de raças.
Ele está sempre lá, com a mesma cara de cachorro perdido de sempre. E mesmo com seus ferimentos e alguma sarna, é um cachorro que me chama a atenção, alguma coisa naqueles olhinhos me atrai. E a forma como ele me faz rir, me encanta.
Eu nunca o levo para casa. É medo de me apegar, ou até aversão, por enjoar.
Mas prefiro assim, de vez em quando ir até lá brincar e lhe fazer um carinho, depois de deixá-lo todo feliz, proibi-lo de entrar e sumir sem dar alguma explicação.
Mas de repente, me da um vazio, e eu sinto falta, da sua euforia, das suas lambidas e de sua respiração ofegante. E me dá uma vontade de ir correndo até ele, e trazê-lo para perto de mim, e dedicar alguma parte da minha vida á ele.
Mas eu paro, penso, coloco os pés no chão e algo me reprime.
E a verdade é que sempre fico com o coração apertado, e me dói só de pensar que alguém pode ir e fazer os mesmos agrados que eu, e um dia levá-lo para casa. Não quero, e até tremo só de pensar na possibilidade de um dia, vê-lo andando encoleirado por aí.
Mas não quero assumir responsabilidade alguma, e nem quero pensar no depois. No depois que ele partir, na falta que vai me fazer. E nenhum outro cachorro por mais parecido que for nunca vai substituí-lo. Porque são únicos. Amam-te incondicionalmente, te enfeitiçam separadamente, cada um com seu jeito, cada um com sua qualidade. Você sempre promete que não, mas acaba se apegando á todos, sente uma falta absurda quando já não são mais seus, e lembra-se de todos com algum brilho diferente no olhar. São insubstituíveis e inesquecíveis. Os cachorros.

crédito da foto: Elodie Almeida

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tempo


Quero aprender a falar logo, quero entrar no colegial, quero uma festa de 15 anos de princesa, quero um carro aos 18, preciso arrumar um namorado até os 25, aos 30 vou me casar,quando tiver 32 penso em um filho,aos 36 posso ter outro, tenho que estar enxuta aos 40,quando fizer 50 vou me mudar para uma casa de campo,aos 55 vou ser avó. Ao completar 60 anos, vou fazer uma colcha de retalhos, 65 meus netos virão comer meu bolo de fubá. Aos 75 virá meu primeiro bisneto, aos 85 não terei mais forças para colher e fazer meu chá. É tenho que começar a me preparar para morrer aos 90.
É sempre assim, a gente já nasce planejando tudo, já nasce com um guia de passo a passo da vida. E você tem que seguir acirradamente todos os mandatos. Você tem que sempre se preocupar com o que vira na frente, você tem sempre que querer mais, que planejar mais, que esperar mais. Você almeja começar logo a sua vida, a sua carreira, a sua família... Sem se dar conta que isso tudo já começou há muito tempo, sem perceber que você já está vivendo, as coisas já estão passando. O tempo não dá espaço para que você realize tudo como planejado. Por que a vida é assim, sem roteiros, sem destinos. Não da para prever onde ela começa e onde ela termina. E você vai viver de planos e de esperanças? Vai esperar sua vida passar para fazer o que quer? A hora é agora, a vida já começou, e o tempo não para.